22.6.04
Uma Vitória Merecida
No Domingo à noite, visitei e deixei a minha votação no fórum do jornal espanhol «El Mundo», sobre o Portugal-Espanha ( 1-0 ). Devo confessar que estava à espera de encontrar pior mau perder entre os nossos putativos irmãos.
Apesar de tudo, nos sítios que visitei - jornais «El Mundo» e «Marca» - era patente uma certa resignação com a deficiente campanha da sua equipa, ainda que não exaltassem a valia dos adversários. Creio que isto já seria exigir-lhes de mais. Em todo o caso, irá fazer-lhes bem esta retirada antecipada e, a nós, a vitória pode trazer-nos uma renovada confiança nas nossas capacidades desportivas e noutras também.
Achei de um significado simbólico a grande explosão de júbilo nacional após a vitória sobre a Espanha. Deve ter vindo do fundo dos tempos, da nossa recôndita memória colectiva, felizmente ainda não completamente apagada, apesar da forte contribuição negativa de um Ensino continuamente degradado, por sucessivas reformas, sem rigor, sem coerência e sem conteúdo, sobretudo nos escalões Primário e Secundário, onde se joga grande parte do nosso futuro como Nação moderna.
Impõe-se que aproveitemos este potencial energético, subitamente revelado, para outros objectivos mais típicos da afirmação das Nações nos tempos actuais.
Contudo, não devemos menosprezar estas manifestações populares de cariz patriótico, ainda que, aqui ou ali, um tanto desmioladas. Convém antes acarinhá-las e procurar dar-lhes um sentido mais adequado, mais alto ou mais nobre.
Outra coisa que me apraz registar é que, após um período de trinta anos de persistentes complexos, parece ter-se finalmente vencido a inibição do uso e devoção de símbolos nacionais.
Deixou, creio bem em definitivo, de ser suspeita de «sentimentos impuros» a expressão pública de exortações patrióticas ou nacionalistas, outra palavra ainda maldita entre alguns sectores da sociedade portuguesa.
Como se ser-se pela nossa Nação, implicasse ser-se contra as outras Nações...
Leva o seu tempo a superação de certos complexos, mas é forçoso fazer-se esse caminho.
Gutta cavat lapidem. Persistir. Navegar é preciso.
António Viriato – 23-06-2004
Apesar de tudo, nos sítios que visitei - jornais «El Mundo» e «Marca» - era patente uma certa resignação com a deficiente campanha da sua equipa, ainda que não exaltassem a valia dos adversários. Creio que isto já seria exigir-lhes de mais. Em todo o caso, irá fazer-lhes bem esta retirada antecipada e, a nós, a vitória pode trazer-nos uma renovada confiança nas nossas capacidades desportivas e noutras também.
Achei de um significado simbólico a grande explosão de júbilo nacional após a vitória sobre a Espanha. Deve ter vindo do fundo dos tempos, da nossa recôndita memória colectiva, felizmente ainda não completamente apagada, apesar da forte contribuição negativa de um Ensino continuamente degradado, por sucessivas reformas, sem rigor, sem coerência e sem conteúdo, sobretudo nos escalões Primário e Secundário, onde se joga grande parte do nosso futuro como Nação moderna.
Impõe-se que aproveitemos este potencial energético, subitamente revelado, para outros objectivos mais típicos da afirmação das Nações nos tempos actuais.
Contudo, não devemos menosprezar estas manifestações populares de cariz patriótico, ainda que, aqui ou ali, um tanto desmioladas. Convém antes acarinhá-las e procurar dar-lhes um sentido mais adequado, mais alto ou mais nobre.
Outra coisa que me apraz registar é que, após um período de trinta anos de persistentes complexos, parece ter-se finalmente vencido a inibição do uso e devoção de símbolos nacionais.
Deixou, creio bem em definitivo, de ser suspeita de «sentimentos impuros» a expressão pública de exortações patrióticas ou nacionalistas, outra palavra ainda maldita entre alguns sectores da sociedade portuguesa.
Como se ser-se pela nossa Nação, implicasse ser-se contra as outras Nações...
Leva o seu tempo a superação de certos complexos, mas é forçoso fazer-se esse caminho.
Gutta cavat lapidem. Persistir. Navegar é preciso.
António Viriato – 23-06-2004
Comments:
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Um pequeno comentário a este pequeno texto (os outros textos, maiores e mais complexos, merecem outra atenção e maior disponibilidade da minha parte).
Eu não estava em Portugal durante o grande susto deste euro2004: a derrota com a Grécia. E tenho tentado manter-me alheado de todo este pandemónio que já me está a dar cabo dos nervos (já começo a olhar para o calendário dos jogos antes de definir a minha vida; e não é para os ver; é apenas para garantir que chego a casa depois de um dia de trabalho sem ficar retido numa manifestação de alegria popular). Mas deixo aqui uma pergunta: como é que reagiu a imprensa portuguesa à derrota com a Grécia? Exaltaram o valor do adversário ou caíram em cima do desempenho da selecção portuguesa?
Aproveito também para fazer um comentário às manifestações de júbilo (o blogue do António ainda deve ser pouco lido, talvez não corra o risco de ser insultado). Não me chocariam, nem me incomodariam tais manifestações se fossem acompanhadas, durante o resto do ano, por um verdadeiro convívio entre portugueses, por uma partilha saudável dos espaços comuns, que são as nossas ruas, os nossos cafés, as nossas esplanadas. (estes espaços são realmente “nossos”; lamento, mas a “selecção” não é minha; e já agora, porque é que as casas portuguesas são tão limpas e as ruas tão sujas? Será uma consequência da aparente incompreensão do conceito de espaço comum?). Mas deve acontecer precisamente o contrário. No resto do ano, os portugueses e as portuguesas manter-se-ão em casa, fechados em frente ao seu televisor, indiferentes ao clima excepcional com que o seu país foi agraciado e abandonarão as ruas a uma escuridão e tristeza absurdas e assustadoras. É por esta razão (e outras) que, por vezes, me sinto como um castelhano adoptivo. Nuestros hermanos, como é usual dizer-se, não abandonaram as suas riquezas. E a maior riqueza de um país mediterrânico é o seu clima, o seu sol, o seu mar, a sua vegetação.
É a vocação atlântica de Portugal? Seja o que for, não gosto.
Eu não estava em Portugal durante o grande susto deste euro2004: a derrota com a Grécia. E tenho tentado manter-me alheado de todo este pandemónio que já me está a dar cabo dos nervos (já começo a olhar para o calendário dos jogos antes de definir a minha vida; e não é para os ver; é apenas para garantir que chego a casa depois de um dia de trabalho sem ficar retido numa manifestação de alegria popular). Mas deixo aqui uma pergunta: como é que reagiu a imprensa portuguesa à derrota com a Grécia? Exaltaram o valor do adversário ou caíram em cima do desempenho da selecção portuguesa?
Aproveito também para fazer um comentário às manifestações de júbilo (o blogue do António ainda deve ser pouco lido, talvez não corra o risco de ser insultado). Não me chocariam, nem me incomodariam tais manifestações se fossem acompanhadas, durante o resto do ano, por um verdadeiro convívio entre portugueses, por uma partilha saudável dos espaços comuns, que são as nossas ruas, os nossos cafés, as nossas esplanadas. (estes espaços são realmente “nossos”; lamento, mas a “selecção” não é minha; e já agora, porque é que as casas portuguesas são tão limpas e as ruas tão sujas? Será uma consequência da aparente incompreensão do conceito de espaço comum?). Mas deve acontecer precisamente o contrário. No resto do ano, os portugueses e as portuguesas manter-se-ão em casa, fechados em frente ao seu televisor, indiferentes ao clima excepcional com que o seu país foi agraciado e abandonarão as ruas a uma escuridão e tristeza absurdas e assustadoras. É por esta razão (e outras) que, por vezes, me sinto como um castelhano adoptivo. Nuestros hermanos, como é usual dizer-se, não abandonaram as suas riquezas. E a maior riqueza de um país mediterrânico é o seu clima, o seu sol, o seu mar, a sua vegetação.
É a vocação atlântica de Portugal? Seja o que for, não gosto.
Ao CMF, com o seguinte comentário :
Confesso que não abraço tanto furor futebolístico, mas ressalto que, se esta onda de euforia, ainda que algo desmiolada,teve alguma virtude foi a de, finalmente, ter terminado com um complexo persistente, relativamente ao uso dos símbolos nacionais.
Durante este último trinténio, quase sempre se corria o risco de se ser apodado de Fascista, pelo simples uso ou exortação de um símbolo nacional. Isto, saudavelmente, parece ter terminado.
Quanto ao resto, compreendamos que este sacrificado povo tem andado demasiado frustrado por longo período de decepções variadas e encontra aqui um escape fácil para compensar tanto desalento da sua apagada e vil tristeza de vida.
António Viriato
Confesso que não abraço tanto furor futebolístico, mas ressalto que, se esta onda de euforia, ainda que algo desmiolada,teve alguma virtude foi a de, finalmente, ter terminado com um complexo persistente, relativamente ao uso dos símbolos nacionais.
Durante este último trinténio, quase sempre se corria o risco de se ser apodado de Fascista, pelo simples uso ou exortação de um símbolo nacional. Isto, saudavelmente, parece ter terminado.
Quanto ao resto, compreendamos que este sacrificado povo tem andado demasiado frustrado por longo período de decepções variadas e encontra aqui um escape fácil para compensar tanto desalento da sua apagada e vil tristeza de vida.
António Viriato
António, consegui. Depois de uma grande luta sai vencedora. Consigo comentar... desde ontem vinha lutando sem esmorecer,e recebo os louros da abertura do comentário. Parabenizo-te pelo teu Blog, já estive lendo os posts, agradou-me o modo como abordas o problema de Olivença e o teu júbilo pela seleção de Portugal ter obtido expressiva vitória sobre a Espanha.
Um abraço do Brasil e da comunidade do Trigal para os nossos irmãos portugueses. Um abraço especial para ti da Semeadora - Semida
Um abraço do Brasil e da comunidade do Trigal para os nossos irmãos portugueses. Um abraço especial para ti da Semeadora - Semida
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